Mulher preta, de axé, cantora, aspirante a percussionista, trancista e operadora de call center. Ela é a Ana Carolina Teixeira Hilário, mais conhecida como Ana Hillário. Tem 24 anos e é ex-aluna do Plug Minas. Na fila do pão, ela é a que chega primeiro, antes mesmo do pão ficar pronto. Essa é a história que contaremos hoje!
Ana é egressa do Centro Interescolar de Cultura, Artes, Linguagens e Tecnologia (Cicalt), núcleo Valores de Minas. Entrou no curso com foco em desenvolver suas habilidades no canto, mas se apaixonou também pelos batuques da percussão, modalidade com a qual agora divide suas energias musicistas, junto ao dom do canto, já era percebido antes de qualquer formação profissional.
Relata sua experiência no Plug como "transformadora, embasbacante e de energia inesquecível". Diz que, para além da formação técnica, adquiriu no curso aprendizados para a vida, como por exemplo a persistência para correr atrás do que almeja e a coragem para trabalhar duro, sempre com muita paciência e humildade.
Sua inspiração vem de várias mulheres fortes, tais como: Dona Gil, sua avó Arlinda, Gal Duvalle, Nayara Garófalo, Lauryn Hill, Iza, Beyoncé e Marilda Cordeiro. Ana se inspira nessas personalidades para que consiga se tornar a mulher de seus próprios sonhos, trilhando os caminhos que almeja.
Duas mulheres em especial foram essenciais para que Ana Hillário nunca tenha desistido de seus objetivos: sua avó já falecida, dona Arlinda, e a diretora do Cicalt, Gal Duvalle, profissional que, segundo Ana, enxergou seu talento antes mesmo de ela própria enxergar.
Kandandu 2020 | Foto: Denise dos Santos
Sonhos e desafios
Ana Hill nos confessou que seu grande sonho para o futuro é ser percussionista da Beyoncé, mas nesse instante seu coração pulsa com a possibilidade de montar seu salão afro e conseguir conciliar o funcionamento de seu estabelecimento com a carreira musical, na qual vem batalhando por maior reconhecimento. Além disso, vislumbra também uma ousada criação de sua própria marca de produtos para tranças e outros penteados afro.
Um grande desafio durante sua trajetória foi a reprovação familiar por suas escolhas profissionais. Foi na época do Valores que começou as fazer tranças para conseguir o suporte financeiro necessário para manter seus estudos. Depois de alguns anos, sua família finalmente aceitou suas decisões ao notarem que eram escolhas sólidas e que Ana não voltaria atrás.
Atualmente, o maior desafio que a jovem aponta é sua própria timidez. Apesar de não deixar transparecer aos outros facilmente, essa é uma grande dificuldade que enfrenta e que já a atrapalhou de aceitar grandes oportunidades que surgiram para sua carreira. Vive uma luta diária de combate a essa questão e percebe evolução positiva dia após dia.
Arquivo pessoal de Ana Hillário
Conselhos e mantras
Ana aconselha que todos tenham persistência em seus objetivos. "O trajeto não é nada fácil. Às vezes é dolorido e acontece muita coisa desagradável no caminho, mas as tempestades são necessárias e passageiras. O gosto da conquista vem junto da gratificante sensação de que a gente está trilhando o caminho certo, correndo atrás de tudo aquilo que um dia sonhou. É preciso ter foco mesmo nos momentos de dificuldade”, afirma.
Ilustrando sua resiliência, Ana conta que se debruçar nos estudos e no trabalho tem sido uma boa estratégia para enfrentar esses tempos difíceis de pandemia. Atualmente, a jovem faz aula de canto, buscando aperfeiçoar ainda mais suas habilidades.
"As moças não são como antigamente, nem eu. Chamo isso de REVOLUÇÃO”. A frase, de autoria da poeta e slammer Joi Gonçalves, está tatuada no corpo (e na mente) de Ana Hillário e revela a guerreira que é.
Espetáculo Ni Ilê - Finalização do Módulo III 2017 | Lucas Silva, Ana Hillário e Igor Lelis | Foto: Marcela Arrais
Contatos da Ana Hillário:
Instagram dos trabalhos como trancista: @hillaroye
Instagram musical: @_hillario